Nos anos de 2011 e 2012 tive a oportunidade de dirigir a
peça o “Auto de São Sebastião”, realizada durante as festividades do Padroeiro
da Paróquia do Mártir. A apresentação marcou intensamente a vida dos
paroquianos e por isso, merece ser compartilhada com os leitores do Blog. Confira a
matéria redigida na época para o Jornal Planeta Legionis.
Uma equipe afinada,
composta por mais de 50 pessoas da Paróquia do Mártir, ficou responsável
por recriar todo o contexto da época em que se passa o “Auto de São Sebastião”.
Não só através das atuações, mas também dos figurinos, cenografia e trilha
sonora. “Esta nova versão do Auto é uma adaptação inédita e fiel à biografia de
São Sebastião. Tivemos um mês para prepará-la. O ritmo dos ensaios foi
alucinante, principalmente devido às pausas para as festas de Natal e Ano Novo,
mas o resultado recompensou todo o esforço e superou expectativas”, afirma
Matheus Pissolatti, diretor da peça.
Enquanto os atores ensaiavam na Igreja, a equipe de bastidores trabalhava duro para
reproduzir os ambientes de Milão e Roma, em torno do ano de 300 dc. Vilarejo,
palácio do imperador, bosque dedicado ao deus Apolo, catacumbas, cadeia e
Templo do deus Hércules foram os escolhidos. O ator Mizael Lima, que deu vida a
São Sebastião na peça, também reconhece o esforço do pessoal que atuou atrás
das cortinas. “Faço um agradecimento
especial ao pessoal dos bastidores que, embora não apareçam, sem eles não
estaríamos lá no palco ‘bonitinhos’, ou mesmo flechados em um tronco, numa
posição meio esquisita... (risos)”, esclarece.
O Auto foi apresentado logo após
a Missa das 17h. Enquanto ‘transformávamos’ o altar da igreja em ‘palco’, o
público presente conferiu a apresentação musical de André Siqueira (flauta),
Francisco Dib (violão) e Lucas Abreu, que toca gaita com os pés. O trio
executou grandes sucessos do cantor Milton Nascimento e foi muito aplaudido. Em
seguida, teve início a peça teatral que contou as principais passagens da vida
de São Sebastião (Mizael Lima). Época em que os cristãos eram cruelmente
perseguidos pelo imperador Dioclesiano (Matheus Pissolatti).
Durante a apresentação, a sacristia da Igreja nunca esteve tão concorrida, cada um dando o melhor de si pelo êxito do trabalho. O responsável pela trilha sonora do Auto, João Paulo José comenta este momento. “Apesar de não estar atuando, parecia que eu estava vivendo cada personagem na pele. A cada música, a cada cena, eu até tremia de emoção. Pude ver em cada um a vontade e prontidão para ajudar o outro sem medir esforços. Nem parecia teatro, parecia que o Auto de São Sebastião acontecia em tempo real.”
O idealizador dos cenários, Douglas
Diniz, se recordou do velho ditado. “A união faz a força. Força essa que rendeu
a nós a Igreja lotada e expressões de fascinação nas pessoas, diante de tudo
aquilo que estava sendo apresentado”, enfatizou. O público pode se emocionar em
diversas cenas. No entanto, o momento que gerou maior comoção foi o das
flechadas. Tudo aconteceu na penumbra,
onde só se viam as sombras de Sebastião e do carrasco (Isaías Baroni).
A dança com véus elaborada pelas garotas da Legião também empolgou a platéia. A responsável pela coreografia, Isabele Pissolatti, conta com detalhes. “Nosso maior desafio foi pensarmos em uma dança para ser apresentada na igreja. Sabemos que a corte romana existia pecados e orgias, com muitas mulheres. Tentamos fazer algo sutil, sem barriga de fora, mas caprichando na maquiagem e na pintura das mãos e dos braços”.
Ao final da peça, todos os envolvidos foram
aplaudidos de pé. Como bem se recorda o Seminarista Matheus Clepf. “Temos que
enfatizar nossos agradecimentos a Deus pelas graças que foram derramadas sobre todo
o elenco da apresentação”, concluiu.
Comentários