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Barbacena, da Fazenda do Registro ao Museu da Loucura


         Barbacena - MG é um lugar que frequento desde que me entendo por gente, já que toda a minha família paterna é de lá. Sempre que visito àquela cidade, me vêm à memória deliciosas recordações da infância... 
        De clima ameno, a cidade das Rosas foi escolhida para abrigar por décadas um sanatório onde eram internados doentes mentais de todas as partes do país. No prédio do antigo Hospital Colônia, atualmente encontra-se o “Museu da Loucura”. Tive a oportunidade de visitá-lo uma vez e confesso que me surpreendi ao descobrir as condições sub-humanas em que viviam os pacientes psiquiátricos. 
       

      Segundo historiadores, entre os anos de 1930 a 1980 o manicômio foi responsável pelo genocídio de pelo menos 60 mil pessoas. Tanto que essa página da história ficou conhecida como Holocausto Brasileiro. Fotografias, camisas de força, aparelhos de choque e outros objetos utilizados na época compõem o acervo. Mesmo saindo estarrecido, recomendo uma visita para que você, assim como eu, possa refletir até onde vai a maldade do ser humano. 

       As belíssimas igrejas também são um capítulo à parte de Barbacena. As minhas prediletas são a Matriz Nossa Senhora da Piedade e a de Nossa Senhora da Assunção [Boa Morte, foto que ilustra a matéria]. Construções históricas que enchem os olhos de alegria. Outros dois lugares interessantes que já visitamos: Museu Municipal de Barbacena e a Universidade de Música Popular- Bituca [instalada num dos prédios da antiga Sericícola, primeira fábrica de seda do Brasil]. 

      Entretanto, nenhum lugar impressionou tanto quanto a Fazenda do Registro Velho. Pesquisando, descobri que as obras de reconstrução do imóvel foram iniciadas recentemente e que a intenção é adaptá-lo para receber atividades de educação ambiental e patrimonial. Uma parceria entre a Prefeitura e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN vai viabilizar o projeto. Porém, pouco antes dessa Fazenda tornar-se ruínas, conseguimos entrar no local, em dezembro de 2006 [data em que tirei a foto que ilustra essa matéria]. Confira o texto que redigi na época para o Jornal Planeta Legionis. 

No Alçapão

      A Fazenda do Registro Velho foi construída por volta do ano de 1700, com a finalidade de cobrar impostos e fiscalizar o extravio do ouro extraído em São João Del Rey, São José Del Rey (Tiradentes) e Vila Rica (Ouro Preto) e que se destinava ao Erário do Reino de Portugal. É talvez uma das mais antigas edificações rurais de Minas Gerais. Já recebeu a visita de Tiradentes, Dom Pedro I e também de nossa turma. 

     Ao chegarmos à Fazenda, as porteiras já estavam abertas, pois Alexandre, filho do Sr. Cordeiro [proprietário] nos aguardava. Conhecemos cada canto do casarão. Infelizmente, o telhado estava quase desabando, o piso formado por largas tábuas de madeira estava bem desgastado e as paredes, a maioria de pau-a-pique, abaladas pela linha férrea que passa a poucos metros dali. Porém, a informação mais chocante da matéria ainda estava por vir...

     Estivemos no cômodo onde fica o Alçapão, hoje desativado e pregado ao chão. Alexandre nos contou a história: “Conta-se que na época, inúmeros viajantes foram enganados pelos empregados daqui. Os forasteiros deixavam o ouro para registrar, eram encaminhados para este ‘quarto’ e jogados no alçapão...que continha uma espécie de roda, com facas nas extremidades da circunferência, movida pela força d’água de um ribeirão que passava embaixo da casa. A pessoa era mutilada na hora e seus pedacinhos levados pelas águas do Rio das Mortes...” 

     Lenda ou não, ficamos impressionados com o que ouvimos. Agradecemos a oportunidade de conhecer um pouco mais da história do lugar, repetida até hoje pelos moradores das redondezas e que ainda ecoa em nosso ouvido desde então...

      Leia também matérias sobre: Uma Mina de Ouro na antiga Vila Rica

                                                      Um giro por Sabará

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